Quando os exames não contam toda a história
Você já se pegou aliviada ao receber exames “normais”, mesmo sentindo que algo não está certo no seu corpo? Já ficou frustrada por estar cansada, sem energia, com o intestino irregular, mas com todos os marcadores bioquímicos dentro dos padrões?
Eu sinto te dizer, mas os exames de sangue nem sempre são bons indicadores de saúde. O que eles mostram, na verdade, é um retrato tardio. Quando algo aparece alterado neles, o seu corpo já estava tentando lidar com o desequilíbrio há bastante tempo.
E é sobre isso que eu quero conversar com você nesse artigo: como a escuta do corpo é, muitas vezes, mais importante do que os números dos seus exames. Como a nutrição comportamental, integrada ao seu cotidiano e às suas emoções, pode ser uma chave verdadeira para prevenir, cuidar e curar.
O corpo fala antes dos exames
A saúde é construída no dia a dia, silenciosamente. Os exames laboratoriais são ferramentas importantes, claro. Mas eles têm um limite: só captam os desequilíbrios mais visíveis, aqueles que já estão em um nível mais avançado.
O nosso corpo, no entanto, é sábio. Ele avisa antes. Ele mostra sinais.
Pode ser aquele cansaço que não passa. A dificuldade em dormir. A fome desregulada. A irritabilidade sem motivo. A falta de prazer com a comida. Esses são sinais preciosos. E a gente precisa aprender a escutá-los.
Com o passar do tempo, nosso metabolismo muda. Isso é natural. Envelhecer é um processo fisiológico. Mas o modo como lidamos com isso pode mudar o curso da nossa saúde.
E é por isso que venho te convidar a mudar o foco: em vez de apenas esperar os exames acusarem algo, por que não escutar o seu corpo agora?
Entendendo os sinais — escutar o corpo é o primeiro passo
O corpo tem uma linguagem própria
Você já reparou como o nosso corpo sempre tenta nos proteger? Ele compensa, ajusta, regula. Quando somos crianças, esse mecanismo é ainda mais potente. Mas conforme os anos passam e outros fatores entram em cena — estresse, noites mal dormidas, sedentarismo, alimentação desorganizada, pressões sociais e emocionais —, essa autorregulação natural começa a se desgastar.
Então, o que antes era apenas um leve incômodo, pode virar um sintoma. E quando o corpo já não consegue mais compensar, os exames começam a acusar. Mas isso já é o fim de uma longa história.
Nutrição comportamental: cuidar além do prato
Na nutrição comportamental, nós olhamos além dos nutrientes. Pensamos no comportamento alimentar como expressão de quem somos e de como vivemos. Observamos a fome e a saciedade, mas também o cansaço, a culpa, o medo, a ansiedade. Tudo isso compõe a relação com a comida.
Por isso, não adianta seguir uma dieta montada só para melhorar exames. Se você não olhar para os seus sentimentos, para a sua rotina, para a forma como você se relaciona com o comer, o seu corpo vai continuar em alerta.
A escuta do corpo é o primeiro passo para sair do automático e entrar num processo de cuidado verdadeiro.
Mudanças práticas para cultivar saúde de verdade
Olhe para os seus sintomas com mais curiosidade e menos julgamento
Você sente muito cansaço? Tem dores de cabeça frequentes? Acorda sem fome, mas come por obrigação? Esses são sinais. Não para se culpar ou se corrigir, mas para olhar com mais profundidade. Anotar, refletir, conversar com um profissional que te escute de verdade faz toda a diferença.
Cuide das suas emoções
A saúde emocional é parte inseparável da saúde física. Medo, raiva, tristeza, frustração… tudo isso mexe com o nosso corpo. A digestão muda, o sono muda, o apetite muda.
Questione a centralidade dos exames
Não abandone os exames, mas pare de dar a eles o único lugar de autoridade. Eles são uma parte da história. Mas o seu corpo fala o tempo inteiro. Escute o seu ritmo, sua fome, seu prazer com a comida, sua disposição.
Nutrição é sobre rotina, e não apenas sobre nutrientes
Comer bem não é sobre seguir uma fórmula. É sobre ajustar pequenas escolhas no seu dia a dia. A forma como você organiza o seu tempo, como você faz as compras, como você se permite sentir prazer ao comer.
A nutrição comportamental convida a olhar para tudo isso. É uma escuta gentil, sem culpa. Uma conversa com o corpo — e não uma imposição a ele.

Conclusão: A escuta do corpo como prática diária
Quero te lembrar de algo importante: saúde não é um número no papel. É uma sensação viva no corpo.
E se você se sente cansada, ansiosa, sem energia, mesmo com os exames “em dia”, escute o seu corpo. Ele está pedindo atenção.
Mais importante que se enquadrar em parâmetros laboratoriais é você se sentir bem na sua própria pele. Comer com prazer, viver com presença, descansar sem culpa, movimentar-se com alegria. Essa é a verdadeira saúde.
Se você quer ajuda para escutar o seu corpo com mais carinho, eu estou aqui. A nutrição comportamental é um caminho profundo e transformador. E ele começa com um gesto simples: parar e se ouvir.
Com carinho,
Júlia Menezes
Nutricionista Comportamental e Integrativa
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